sexta-feira, 31 de julho de 2009

"Faça Um Upgrade à Sua Vida"


Artigo escrito por Carla Azevedo publicado na Revista Happy Woman de Agosto de 2009.

Perguntas & Respostas

Entrevista feita pela jornalista Carla Azevedo da Revista Happy Woman a Carlos Anastácio:

1. Se ser feliz é uma opção, por que é que as pessoas não conseguem ser felizes? O que é que nos falta?

R: A maioria das pessoas atribui-se a si própria uma condição para ser feliz. Mas como a felicidade não é um conceito mas sim um estado mental, elas procuram a felicidade onde ela não está. Ou seja, nos objectos, quer sejam carros, casas, carreiras, pessoas, etc. Na realidade, não nos falta nada para sermos felizes, mas se pensarmos que a felicidade é dada por objecto ou uma condição, ou seja “ter” em vez de “ser”, então falta-nos sempre qualquer coisa.

2. Na realidade, o que quer dizer com fazer um upgrade à sua vida? Como é que isso se faz?

R: Neste contexto significa alcançarmos um nível de consciência que nos permita mudar o que podemos mudar e aceitar o que não podemos. Para alcançar um nível de consciência superior temos de abandonar velhos valores que já não servem as nossas vidas. Velhas crenças limitadoras que nos impedem de sermos nós mesmos. Quando alguém começa a questionar a realidade da sua vida, muitas vezes devido a processos de ruptura e sofrimento, começa uma busca sem retorno. Livros, workshops, filmes, conversas, revistas, tudo serve para aumentar a nossa consciência.

3. Na sua perspectiva temos de descobrir o que somos e qual o nosso propósito neste mundo. Qual é a nossa missão? Como a descobrimos?

R: Descobrir o que somos implica que neste momento não temos consciência de quem somos. A maioria das pessoas pensa que é o seu passado e vê o mundo através duma interpretação que é dada pela sua base de dados do passado. É por isso que não “vemos” o mundo da mesma maneira. A nossa missão é a de recuperar a memória de quem somos, uma vez que nunca poderemos ser felizes sendo o que não somos. A descoberta de quem somos é a nossa viagem até à consciência da eternidade e da unicidade. Um ser divino a passar por uma experiência humana.

4. Para mudar algo na nossa vida, temos de começar por aceitar tudo o que ela contém. E como se processa essa aceitação? As pessoas têm de fazer exactamente o quê para conseguirem mudar?

R: O facto de não aceitarmos uma coisa impede que ela seja?

Quando está a chover nada podemos fazer para impedir que isso aconteça. Podemos sim, abrigar-nos da chuva. Se tínhamos planos para um dia de sol poderá haver uma resistência dentro de nós ao que está a acontecer. Essa resistência é dolorosa e chama-se vulgarmente sofrimento. Também nas nossas vidas quotidianas resistimos a pessoas, acontecimentos, doenças, etc.

No entanto, quando falamos de aceitação estamos a fazê-lo exclusivamente ao nível mental e emocional. Não temos de aceitar objectivamente ou na prática, nada que possamos mudar fisicamente. Se um objecto me está a incomodar no presente e eu posso mudá-lo, sou livre e capaz de fazê-lo. Mas imaginemos que não posso mudar o objecto. Como me irei sentir? Normalmente irei resistir ao facto de não o poder mudar e pensar que estaria mais feliz se o objecto não estivesse onde está. A melhor solução é a de aceitá-lo onde está e como é. Posso no entanto, libertar a minha emoção de resistência a isso (sofrimento). A gravidade da situação é que quando se resiste, aquilo a que resistimos persiste. A aceitação não implica que eu concorde com o que está a acontecer.

5. Como é que explica às pessoas para não sofrerem, apesar de terem graves problemas no momento presente?

R: Sofrer é resistir. É como querer impedir que chova. Quando se aceita o que está a acontecer, não há conflito. Por isso não haverá sofrimento. Mais uma vez, devo dizer que não temos de concordar com o que está a acontecer. Mas podemos evitar o que já está a acontecer? Isso é a realidade. Alguém consegue mudar a realidade? As pessoas sofrem não pelo que está a acontecer, mas com os pensamentos que têm sobre o que está a acontecer. Se conseguissem não pensar esses pensamentos, os problemas seriam apenas imagens e as soluções surgiriam mais facilmente. O problema está no significado que damos aos acontecimentos. Infelizmente para nós, estamos tão habituados a ver as coisas através do passado, que não conseguimos ver o presente. No momento presente não podem existir problemas porque nesse momento não existe passado, mas como para nós o presente é o passado, a coisa complica-se, pois projectamos o passado no futuro. Por isso tememos o amanhã. Imaginemos uma pessoa que ficou desempregada. No momento presente e sem recorrer às memórias do passado, essa pessoa limitar-se-ia a ver alegremente e com entusiasmo, a melhor maneira de encontrar um emprego. Uma nova aventura. Mas como ela “vê” o presente através do passado, vai carregar-se de pensamentos negativos que lhe irão dar a ideia de que está perdida e sem soluções. Porque será que para alguns uma determinada situação parece grave e para outros nem tanto?

6. Se é o passado o causador da visão que temos do presente, deveríamos esquecer a nossa história passada, o que somos?

R: Neste nível de consciência isso não é possível. É impossível estar-se neste mundo sem julgar. Sem julgamento não teríamos a percepção do mundo que vemos. No entanto, a observação dessa dinâmica mental permite-nos compreender que as situações nunca são o que pensamos delas. Isso é principalmente importante quando pensamos nos relacionamentos humanos e nos equívocos que levam ao conflito e à ruptura. Tudo não passa de uma interpretação feita com base em experiências que já passaram e às quais nós ainda permitimos que nos digam o que é o nosso presente. Estamos literalmente a ver o mundo através dos “óculos” do que já passou. Não admira então o tédio colectivo e as indústrias que tentam distrair-nos disso.

7. Na sua opinião não existem pensamentos neutros. O pensamento é realmente criador? Como é que se contraria o pensamento negativo? Como é que nos obrigamos a pensar positivo?

R: Todos os pensamentos produzem efeitos. Primeiro que tudo na mente de quem os pensa. Um pensamento é sempre uma imagem em três dimensões. Neste momento está a ver a imagem de estar a pensar que está a ler este artigo. Não existem pensamentos positivos ou negativos. É a pessoa que os tem que os classifica. Uma coisa que é negativa para alguns pode ser positiva para outros. Um pensamento considerado negativo normalmente está ligado aos medos inconscientes de cada pessoa. O medo é um pensamento equivocado não questionado, e ultrapassa-se aceitando na nossa consciência a imagem desse medo para lhe retirar a influência que tem sobre a nossa vida. O facto de não aceitarmos temporariamente na nossa consciência a imagem do que temos medo é que nos faz ter medo. Quando sentimos medo, podemos fazer o seguinte exercício: escolhemos um determinado momento em que estejamos seguros de que ninguém nos irá incomodar, e deixamos que venha à nossa mente a imagem do que de pior pensamos que nos pode acontecer nessa situação que queremos evitar. Permitimo-nos sentir totalmente o que estamos a sentir. Depois, dirigimos o nosso pensamento para um nível superior e dizemos mentalmente, “Quero uma outra maneira de olhar para isto”. Deverá repetir esse passo até sentir-se tranquilo perante a imagem da situação imaginada.

8. “A felicidade é um estado emocional e que não depende da propriedade das coisas”. Entendo, mas pergunto-lhe, em tom de provocação: acredita que há pessoas que se pudessem comprar um carro agora ficariam bem mais felizes?

R: Qualquer pessoa normal ficaria. Mas durante quanto tempo irá durar essa felicidade? Toda a nossa vida é passada na busca de coisas ou circunstâncias no nosso exterior, que nos prometem a felicidade. Não está nada de errado ter tudo o que qualquer milionário poderá ter. Aliás neste mundo é necessário dinheiro para se viver e muito, se queremos viver uma vida sem condicionamentos. Qualquer um de nós merece isso e muito mais. Mas porque será que uns têm e outros não? Quem decide quem tem e quem não tem? Quem decide quem morre e quem vive?

A resposta para a nossa ansiedade e insatisfação permanente foi habilmente dada pela nossa mente equivocada. Chama-se consumismo. Imagine que lhe era dado todo o dinheiro do mundo e que podia comprar o mundo inteiro. Seria que a sua insatisfação desapareceria?

Haverá um momento em que cada ser humano buscará e encontrará dentro de si a felicidade que nunca encontrou fora de si. E essa está sempre presente e nunca o abandona porque não depende de nada.

9. Só aprendemos realmente se experimentarmos? Dê-me um exemplo.

R: Num determinado dia, estava um mestre muito conhecido rodeado pelos seus alunos, quando estes lhe perguntaram: “Mestre, ainda não compreendemos quando dizes que aqueles que sabem não dizem e aqueles que dizem não sabem?”

O mestre respondeu: “Qual de vocês me pode descrever a cor de uma rosa?”. E vários alunos se apressaram a fazê-lo. A seguir o mestre perguntou:”E qual de vocês me podem descrever o aroma de uma rosa?”. A resposta foi o silêncio.

Nunca devemos acreditar no que nos dizem até que a nossa experiência nos diga o que isso é.

10. Somos realmente os únicos responsáveis por tudo o que vivemos e vamos viver?

R: Quem é o responsável pelo que sonhamos à noite quando estamos a dormir?

Na realidade, nós não somos responsáveis conscientes pelo curriculum das nossas vidas, senão talvez elas fossem diferentes. O nosso consciente pode ser comparado à televisão ou ao cinema, onde as nossas vidas são projectadas, mas em que os filmes já foram realizados. Existem quase infinitas versões para o mesmo filme e essa escolha é feita em cada momento, dependendo do estado emocional. As nossas escolhas são feitas no nível subconsciente, de acordo com o que, intimamente, acreditamos que somos e merecemos. Ninguém sabe o que vai sonhar à noite, no entanto somos nós que sonhamos. A única maneira de saber o que pensamos de nós, no nosso inconsciente, é observando o seu resultado projectado ou seja, o que está a acontecer nas nossas vidas. Estaremos a premiar-nos ou a punir-nos?

11. Como é que devemos comunicar ou pedir os desejos ao universo? Repetir frases positivas todos os dias?

R: O universo está na nossa mente e é neutro. Não nos julga. Mas nós sim, julgamo-nos. O universo físico de partículas sub-atómicas toma a forma do que acreditamos. Olhe à sua volta e veja que forma ele tomou para obedecer ao que acredita que lhe está a acontecer. Repetir frases positivas não servirá de muito, se o que estamos a sentir dentro de nós, não está totalmente de acordo com o que estamos a afirmar. Primeiro temos que expurgar o negativo (culpa) dentro de nós, que se baseia em conceitos do passado, que para além de terem perdido o prazo de validade, foram apenas julgamentos de outras pessoas que nos educaram e que nos viram à luz do seu passado, também já fora de validade. A maioria das pessoas ainda está a atentar obter a aprovação do pai ou da mãe, através das suas acções e dos seus relacionamentos que os substituíram. Existe um longo trabalho de desprogramação a ser feito por cada pessoa. E só ela o poderá fazer. Depois e naturalmente, o que pensamos de nós será positivo, pois esse é o nosso estado natural. Já todos pensámos naturalmente positivo quando éramos crianças, com o tempo fomos programados para ter medo. Agora tornou-se um hábito. Mas podemos mudar.

12. Quais são os erros que cometemos no dia-a-dia? O medo? A culpa?

R: Em cada momento sentimos. Cada pessoa que encontramos, pergunta-nos: “Como estás?”. É um sinal para que verifiquemos como nos sentimos no nosso interior e corrigir isso, se não for um estado de tranquilidade, uma vez que esse estado irá determinar a qualidade das nossas experiências nos momentos que se seguem do dia e da vida. Todas as pessoas devem aprender a gerir o seu estado emocional em cada momento. O mundo exterior é o espelho do mundo interior. O medo é uma energia emocional não dissolvida. Todos podemos melhorar instantaneamente o nosso estado emocional por isso podemos melhorar a nossa qualidade de vida.

13. Como é que podemos deixar de cometer esses erros?

R: Iremos cometê-los triliões de vezes mas compreenderemos porque o fazemos e retiraremos a culpa disso. E seremos mais felizes.

14. Há exercícios para pôr em prática a Lei da Atracção?

Através de workshops periódicos, ensinamos técnicas de libertação emocional que geram um estado interior de vibração positiva. O mundo exterior sincroniza-se com essas vibrações.

15. Onde há medo não há amor. Quer dizer que as pessoas quando amam não deviam ter medo de perder? O que sugere às pessoas neste caso?

R: Amar não é possuir. O Amor é uma experiência não descritível. Mas o amor deste mundo implica possuir e por isso temos medo de perder isso que amamos. Amamos algo que parece ter o que procuramos, e por isso temos de possuir isso. Pode ser um carro ou uma pessoa. Quando achamos que essa coisa já não nos dá o que queremos, ou seja, satisfação, trocamo-la por outra que promete o mesmo. E assim vamos, continuando de ilusão em ilusão, a procura de quem nos ame, de quem nos satisfaça, porque nós não somos capaz de sentir esse amor por nós mesmos.

Sugiro às pessoas em geral e que sofrem por amor, que se permitam aceitar totalmente a circunstância em que se encontram. Recordem que o primeiro passo é a aceitação. Com ela acaba o sofrimento e abrimo-nos para novas experiências neste recreio universal. Por exemplo. Imaginemos o caso de uma pessoa que tem muito medo de perder a pessoa que ama, e está sempre a chamar-lhe a atenção, controlando-a, tornando-se demasiado presente, ao ponto desta se sentir asfixiada e começar a adiar a chegada a casa, passando mais tempo com os amigos ou a trabalhar. Esta pessoa deve fazer um exercício mental em que imagina o que mais teme que lhe aconteça, ou seja que já a perdeu a pessoa que ama e sentir, mesmo exagerando nas imagens, toda a dor que lhe for possível sentir. É claro que estou a falar de um exercício imaginado, ao mesmo tempo que ao nível da realidade ela fará tudo para manter o seu relacionamento com a pessoa que ama. Ao libertar esse medo o relacionamento irá tornar-se livre do apego e a qualidade será outra.

Se pessoa já perdeu a pessoa que amava, mesmo por morte, também deve aceitar esse sentimento, chorar tudo o que puder nesse momento, e ficará livre do apego, podendo recomeçar de novo.

16. A realidade é o espelho da nossa mente?

R: A realidade física é o espelho da nossa mente inconsciente.

17. Quais são os 15 passos para se fazer um upgrade à vida?

R: Ler artigo da HAPPY WOMAN de Agosto 2009 aqui

sábado, 11 de julho de 2009

As mil caras do medo

Quem está neste mundo não poderá deixar de sentir o medo. Uns disfarçam melhor que outros. Outros escudam-se por detrás de pseudo-poderes que lhes dão a ilusão de passar ao lado do medo. Mas ninguém o consegue evitar. O medo não vem do exterior mas sim do interior de cada ser humano.

O que é o medo? Nada. Mas todos o sentimos. O medo é um estado mental e origina-se na culpa inconsciente, também mental. Ninguém pode ver o medo, mas todos podem senti-lo porque ele arvora na nossa consciência.

O medo manifesta-se neste mundo concreto em coisas e situações concretas. Mas elas meramente espelham o nosso estado mental de medo. Pode manifestar-se sob a forma de um ataque de pânico, que nos paralisa e parece que vamos morrer ou através duma simples angústia.

Qual a origem do medo? A crença na morte. Todos os medos, seja eles quais forem, são filhos desse medo. Se não tivessemos medo da morte de que teríamos medo?

Analisemos um pouco a base do medo.
Acreditamos que somos o que já passou. As memórias de todas as experiências que já vivemos. Será possível sermos o que já não existe? Sermos uma memória?

Se nós somos o passado, quem é a pessoa que está no presente a observar o que já passou? Não poderá ser o passado, pois o passado não se observa a si mesmo. Então quem parece morrer (desaparecer) é o personagem que pensávamos ser, do passado. O observador desse personagem nunca poderá morrer porque não tem passado. Porquê então o medo? Porque vemos a nossa vida através dos cinco sentidos do personagem do passado que nunca é real, mas imaginado em cada momento. O medo é então, a sensação de ser o personagem do passado, que só existe porque acreditamos na sua existência, baseada num passado que já passou e que por isso tem medo de desaparecer a qualquer momento.

Sem que o saibamos, pensamos os nossos pensamentos, com um sistema que nos dá uma consciência conceptual limitada de nós mesmos. Analogamente, a um sistema operativo de um computador, esse sistema faz-nos acreditar num mundo conceptual, em que tudo tem um princípio e um fim. Esse sistema está em todas as mentes. É por isso que todos podemos ver as mesmas coisas. Todos podemos ver este mundo.

Por isso, chamamos vida ao oposto da morte. Mas uma coisa que é, não pode deixar de ser aquilo que é, senão não é, o que diz ser. A vida não pode deixar de ser vida, senão não é isso que diz ser. A vida não tem oposto, senão não se pode chamar vida. A vida neste mundo não pode ser o que diz ser, pois termina na morte. A morte é o desaparecer do passado. Do que não existe. O ser presente, esse continua a ser. Sempre.

A crença na morte é a base do medo neste sistema de pensamento, e é-nos comprovada diariamente através dos nossos cinco sentidos. No entanto, devemos compreender que os cinco sentidos foram feitos para testemunhar ao observador, o que ele acredita no seu íntimo. Sendo assim, e uma vez que acreditamos ser um ser individual, composto por um corpo físico e por um corpo psicológico, os nossos cinco sentidos atestam essa realidade. E fazem-no tão bem, que é quase impossível duvidar da sua realidade. Quando estamos a sonhar, normalmente não sabemos que o estamos a fazer. E para onde vai o nosso personagem (corpo) de sonho quando acordamos? E que importância teve?

Neste mundo, tudo gira à volta do corpo. O corpo é o herói de todas as aventuras. Quando um corpo se encontra com outro, conta-lhe as suas aventuras e as coisas que outros corpos lhe fizeram. Todos vivem para satisfazer as necessidades do corpo. Mas o mais interessante é que, o corpo nem sequer sabe que existe. Não tem vontade própria, nunca sabe onde está ou o que está a fazer.

Todos possuimos um corpo. Tal como quase todos possuimos um carro. Dizemos "o meu corpo" e também dizemos "o meu carro". O carro sabe o caminho de casa? E o corpo? Então quem dirige ambas as coisas?

Um objecto não tem consciência deste artigo. Mas alguém tem. Se tem consciência do que está a ler, então não é possível que a sua verdadeira identidade seja o seu corpo, o qual não tem consciência.

Pode identificar-se com ele, como o faz num cinema com o personagem dum filme, mas isso apenas significa que, temporariamente, se identificou com um personagem duma história. A vida que está a viver, é a história que está a contar a si próprio. A vida deste mundo pode comparar-se a uma história temporária vivida por um personagem dum filme. Quando saimos do cinema, libertamos os restos do apego emocional a esse personagem do filme. E isso é tudo o que resta dessa realidade ilusória.

O nosso maior medo não pode ser então, o medo de morrer, pois isso não é possível ao ser eterno que somos. O nosso verdadeiro medo, induzido pelo sistema de pensamento que usamos, é do despertarmos para a realidade de que não somos. Um corpo que vive um pouco, procura desesperadamente sobreviver e depois de passar uma vida a resolver problemas, morre. Estamos convencidos que o fim da nossa individualidade será o fim da nossa existência. A nossa morte.

No entanto, a realidade é um facto. A realidade é. A morte é um conceito e por isso não é real, mas sim uma ilusão conceptual.

Neste mundo funcionamos como se fossemos um ser divino, amnésico, que pensa ser um objecto, exilado num mundo de limitação e de separação de objectos. Um mundo em que só pode fazer o que é suposto um corpo fazer. Que pode morrer em qualquer momento. E que está sujeito a leis superiores que ditam a vida e a morte. A sorte e o azar. Não admira que estejamos cheios de medo.

E se tudo fosse um equivoco de identificação mental? E se estivessemos na nossa cama divina, a sonhar com uma realidade, a sonhar a um pesadelo, onde parecemos morrer e estar separados uns dos outros? Isso explicaria a nossa sensação de vazio e solidão?

Todos os medos devem ser enfrentados para poderem ser ultrapassados. O medo é um pensamento equivocado não questionado, e ultrapassa-se aceitando na nossa consciência a imagem desse medo, para lhe retirar a influência que tem sobre a nossa vida. O facto de não aceitarmos, temporariamente, na nossa consciência a imagem do que temos medo, é o que nos faz sentir o medo.

Devemos fazer uma lista dos nossos medos, e fazer para cada um deles, o seguinte exercício: escolhemos um determinado momento em que estejamos seguros de que ninguém nos irá incomodar e concentramo-nos no nosso interior. Deixamos nesse momento, que venha à nossa mente, a imagem do que pensamos que nos pode acontecer, nessa situação e que queremos evitar a todo o custo. Permitimo-nos então, nesse momento, sentir totalmente o que estamos a sentir. Não fugimos das emoções que começam a surgir. Deixamos que todas as emoções, medos, se manifestem e ficamos ali a observá-las, sem as querer afastar. Sem querer fugir delas. Depois, dirigimos o nosso pensamento para um nível superior e dizemos mentalmente, “Quero uma outra maneira de olhar para isto”. Devemos repetir esse passo, até nos sentirmos tranquilos perante a imagem da situação de que tememos. Alguns dias depois, podemos voltamos a examinar essa situação, para eliminar alguns restos desse medo que ainda possam existir. Esse medo será irradicado das nossas vidas, quando pensarmos nisso e não sentirmos medo.

O medo tem mil caras porque precisa de todas delas para nos amedrontar. O mesmo medo, mas em muitas manifestações para nos iludir. O medo é um pensamento equivocado e os pensamentos mudam-se.

Se soubesse inequivocamente que estava a sonhar, de que teria medo?







quinta-feira, 9 de julho de 2009

Amanhã será diferente!

A maioria das pessoas vive os seus dias na esperança de que o amanhã lhes dê o que pensam que lhes falta neste momento. No entanto, como o único tempo real é o presente, a sensação de falta, tem que ver com algo que faltou no passado e que continua a ser revivido como se fosse agora. No presente não nos pode faltar nada, a não ser que estejamos a pensar no passado ou no futuro.

A escassez pode surgir manifestando-se em qualquer área da vida do ser humano. Por exemplo, falta de dinheiro, emprego, companhia, saúde, segurança, etc...
Por detrás da escassez ou da falta na vida de qualquer pessoa, existe sempre um rosto do passado.

Na sua infância, essa pessoa sentiu-se privada de algo na relação que teve com os seus progenitores, e ainda acusa inconscientemente um deles ou ambos, de a terem privado de algo psicologicamente importante . Poderá pensar, por exemplo, que se tivesse tido mais atenção, carinho, amor, valor, apreciação, segurança, estabilidade, acompanhamento, mais dinheiro, mais estudos, etc., as coisas agora seriam diferentes.

No presente, e como na mente o tempo é sempre agora, essa sensação de ter sido privada está presente e faz com que ela esteja inconscientemente ainda a culpar a pessoa do passado por essa privação, como se fosse agora. Por isso ainda sente o que sentiu no passado.

No caso do dinheiro, por exemplo, a pessoa poderá acumular uma imensa fortuna, criando a ilusão do poder, para depois demonstrar, a essa pessoa que acusa do passado, que apesar do que a outra a privou, ela conseguiu ser poderosa sozinha e não precisa dela para nada.

Um outra forma, poderá ser a de nunca conseguir uma situação financeira segura ou estável, viver numa condição miserável até, para poder, inconscientemente, acusar a pessoa do passado de ser a causadora da sua situação de miséria. Inconscientemente, fará tudo para que a situação se mantenha assim, apesar dos seus muitos esforços conscientes para sair disso.

Em ambos os casos, e devido a esta culpabilização dos outros, continuará a haver a sensação de falta. No caso da pessoa que acumula dinheiro, ela irá continuar desesperadamente a acumular cada vez mais, como se quisesse preencher um vazio que nunca acaba e a pessoa que vive na escassez também sentirá a falta porque a está a produzir inconscientemente.

Se pararem ambas de acreditar que foram privadas de algo, a abundância será a realidade presente nas suas vidas.

Esta dinâmica da culpa não é consciente, e só se resolve se "perdoarmos" a pessoa que acusamos de nos ter privadode algo no passado. Na realidade, muitas vezes essa pessoa do passado não nos privou de nada, mas nós atribuimos-lhe a causa dessa sensação psicológica de falta de algo nas nossas vidas. Ao libertarmos essa pessoa da culpa também abandonamos a necessidade da acumulação compulsiva ou o estado de escassez nas nossas vidas.

No meu workshop "Vença os seus medos e seja feliz" abordamos este tema.

Num "pub" de Londres existia uma letreiro que dizia: "Amanhã, cerveja grátis". Como se poderá deduzir, ainda ninguém usufruiu dessa oferta.

Não esperemos pelo amanhã porque ele não existe. Só podemos viver no presente. O passado está no passado, o futuro está no futuro, o presente é o único tempo real onde podemos agir.

Provavelmente, não terá reparado que escolheu sentir o que está a sentir neste momento. A novidade é que se não gosta do que está a sentir, isso não tem nada a ver com o que está no seu exterior. Mas o que está no seu exterior é o espelho do que está sentir neste momento.

Aprender a gerir o seu estado interior é pois a única forma que tem de mudar a sua vida!

Abordamos esta dinâmica no workshop "Matrix".